sexta-feira, 1 de maio de 2009

anestesia

deitado em meu colchão torto, um lençol e o travesseiro caído no chão e não pego por falta de forças, olho fixamente pro teto, o teto cinza mofado. visto apenas uma camisa de time falsificada, sinto um leve frio no sexo e nas pernas. por um tempo apenas olho e depois lentamente progredindo pra um alucinante slides de fotos em minha mente fui tentando construir o que fora noite passada. OIAHSOIAHIOHSOIHOIH4NOI19847957F8NIOWHNCOFA GOFHREOU9H3Q86YB FG93BY86PO8Y.tudo fora da ordem, desconexo, códigos... respiro, pisco os olhos. começo a lembrar sim, das pessoas e não dos seus nomes. lembro de caju, vinho e cerveja ruim. homens com pouca roupa.mulheres com muita roupa, algumas quase tirando mas nenhuma tira. ainda. arregalo os olhos. começo a lembrar de uma coisa e todas minhas tripas dão um giro. lembro de você dando em cima de mim descaradamente, sua mão deslizando inocentemente em meu corpo, seus dedos em minha boca. tudo muito desconexo. fico confuso. lembro com exatidão agora da ultima ação mas não era os seus dedos, era dele. ohmy... mudo de foco e tento lembrar de outra coisa... respiro... sinto uma parte do meu corpo dolorida. não, não é o pescoço. é perto do umbigo, passo o dedo... está vermelho. caninos. lembro-me da minha cabeça batendo na janela do ônibus, eu desmaiando de sono, a minha cabine chegando, eu com um leve pressentimento de que fosse perder a minha mas mesmo assim durmo. acordo, levanto, quase caio ao pular do meu assento. não, não acredito. eu fui até o posto ao lado pra... não me orgulho. de tudo o que aconteceu na noite é a única coisa que me lembro com exatidão, a única que eu estava sozinho, a única que não me orgulho. começo a andar pelas ruas quase clareando, um vento gélido passa entre meus cabelos. sou novo por aqui mas já fiz esse caminho nesse horário tantas vezes... passo pela casa de ontem, sinto uma vontade de sacanear sei lá, tocar campanhia. chego perto, passo os olhos pelos números dos apartamentos, não me lembro o numero, não paro, continuo a andar, uma bicicleta passa ao longe. lembrei delas. não recordo praticamente nada de uma. que pena. nem mesmo o seu cheiro. já a outra não, me recordo muito bem. no máximo em 48 horas devo me topar com ela de novo, só espero que ela... lembrei do outro. ops, lembrei do outro, tbm. ah não, do outro tbm eu já havia me lembrado. vamos falar apenas do outro, o nãoseioquedastendências. ele tinha uma boca carnuda, uma barba por fazer (sim, continua na moda) e muitas ações desconexas até que no final eu torcendo pra sua ausência ser presente ele chega e deixa tudo muito claro. claro pra ele, confusão pra mim. pensei em como me arrisquei noite passada, não tanto ao meu ver, apenas pensando com o modo de ver do meu fratello. ele teria olhado com um olhar impreciso, balançado a cabeça e falaria algo do tipo: "é a sua vida e você faz o que quiser..." queria que fosse assim. ouço um barulho estranho, deve ser a chuva. de novo. ontem pensei até no lêfenix. quem sabe no futuro ele não renasça pra mim, pois de todos os passatempos ele o único com o pé no amanhã (ele e você, só que com a diferença que ele não é hipócrita. não mais. pelo o menos comigo. graças a uma little help, off course). não importa o que eu fale. o que eu pense. o que eu faça. você sempre dá um jeito de aparecer, né? hahahahaha. lembrei até daquelequedevoumacoxinha. hahahahahaha. meudeus, que delírio. lembrei da 2kg, opa, deixe-me parar se não começarei a lembrar de todos aqueles que passaram um dia por aqui. sinto meu corpo pesar. será que tudo o que acho que senti ontem, tudo o que eu acho que vivi ontem foi de fato o que rolou? lembrei do francisco. ele pode me confirmar depois. ou não, vai que ele tbm não estava lá, afinal de contas. de tudo isso três ressalvas: se as pessoas de fato existiram ontem pra mim as verei em breve e pelo olhar saberei de tudo; o que fica por enquanto é a sensação do seu toque em mim, por mais que eu ache que tudo aquilo parece até impossível, dado a sua perfeição; a marca em minha barriga doerá mais algum tempo .

e por último: nos meus devaneios quando me dou conta estou de olhos fechados. será? aperto-os e abro com todas minhas forças na esperança de obter resultados e ao abri-los vejo apenas o teto cinza mofado. sorrio tristemente sem mover um centímetro no meu rosto e viro meu corpo e adormeço, enfim, na pose fetal.



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